O que é um Remake na arte? 
Tenta descobrir o significado deste conceito através das obras destes artistas... 


Eleanor Antin

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 Plaisir d’Amour (depois de Couture) de “Helen’s Odyssey”, fotografia, 2007 Fonte: http://www.feldmangallery.com/pages/exhsolo/exhant08.html
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Thomas Couture, 'Romans of the Decadence', óleo s/ tela 466x 773 cm, 1847 Fonte: http://greeninteger.blogspot.com/2009/03/reclaiming-past-on-eleanor-antins.html

Eleanor Antin nasceu em Nova Iorque em 1935. É uma artista de origem judaica, ligada à performance, instalação e também realizadora de filmes. Apaixonada desde sempre por história, seja ela a Roma Antiga, A Guerra da Crimeia ou os Salões na Europa do séc. XIX – Antin afirma ter um “caso” com o passado. A artista é um camaleão cultural, mascarando-se em vários papéis teatrais onde revela os seus vários “eu”.      

Antin idolatra um passado específico, e tece a partir dele várias críticas à sociedade actual, servindo-se das suas histórias favoritas e metáforas para realizar ligações com as problemáticas do século XXI. O pendor primitivista, intimamente ligado ao remake, de Antin é fulcral e embora muito próprio assemelha-se, de certa forma, ao de outros artistas como Cindy Sherman ou Yasumasa Morimura, que remetem também a um passado particular (re)criando e contando estórias, com a particularidade destes últimos usarem os seus próprios corpos, camaleónicos, e entrarem nas suas apropriações.          
Antin retira influências da Pintura europeia de Salão do séc. XIX que retratam muitas vezes o modo de vida de civilizações ancestrais. Assim, independentemente do tema ou conteúdo dos quadros do séc. XIX, a artista apropria-se e faz releituras de obras famosas, evocando autores do passado como Thomas Couture ou Rubens, e serve-se da cultura clássica como metáforas paralelas para o excesso da economia consumista contemporânea do século XXI.
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Eleanor Antin, Judgment of Paris (depois de Rubens) – Light Helena, fotografia, 62”x118”, 2007 Fonte: http://greeninteger.blogspot.com/2009/03/reclaiming-past-on-eleanor-antins.html
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Peter Paul Rubens, Judgment of Paris, óleo s/ madeira, 199 cm × 379 cm 1838-1939 Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Judgment_of_Paris_(Rubens)

Desde 2001 que ela completou três séries de fotografias alegóricas baseadas na Roma Antiga: “ The Last Days of Pompeii”, “Roman Allegories” e “Helen’s Odyssey”. Eleanor Antin desde criança que tem uma paixão pela Grécia ancestral, desencadeada pela leitura da mitologia grega, desejando ter vivido na Grécia Antiga. Mais tarde, descobriu a maneira rude como os gregos tratavam as mulheres e logo inverteu os papéis e focou-se na Roma Antiga, onde as mulheres já tinham alguns direitos e podiam até mesmo levar vidas interessantes.  
Helena de Tróia, um dos seus ícones, nas suas obras é representada como uma vilã sedutora e admirada pela sua beleza e receada pelo seu poder. Contudo, o lugar dela na nossa fantasia histórica foi legitimado, escrito e pintado sempre por homens – um pouco, como um povo dito “civilizado” e vencedor escreve a história e se sobrepõe ao povo “não civilizado e selvagem” -  neste caso é o masculino que se impõe ao feminino como legitimizador. Antin quis humanizar esta mulher de modo a limpar os aspectos obscuros de Helena que chegou até nós deturpada. 

Só recentemente é que os artistas se começaram a interessar novamente por contar estórias, este conjunto de fotografias não são mais que um corredor de espelhos, “eu gosto de pensar nelas como narrativas defeituosas, porque elas têm várias camadas de significado, dando origem à construção de novas estórias”, revela-nos a artista.

Fontes/ Mais informação em: 
http://www.pbs.org/art21/artists/antin/clip1.html
http://www.blog.art21.org/2008/06/12/eleanor-antin-helens-odyssey/
http://www.artforum.com/words/id=20824

Vik Muniz

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Vik Muniz, Marilyn Monroe, Actress, NY City, May 6, 1957, after Avedon Fonte: http://www.vikmuniz.net/
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Richard Avedon, Richard Avedon (American, 1923–2004) Gelatin silver print Richard Avedon (American, 1923–2004) Gelatin silver print Fonte: Richard Avedon: Marilyn Monroe, Actress, New York City (2002.379.11) | Heilbrunn Timeline of Art History | The Metropolitan Museum of Art /http://www.metmuseum.org/toah/works-of-art/2002.379.11

Vicente José de Oliveira Muniz (São Paulo, 1961) mais conhecido como Vik Muniz, é um artista plástico brasileiro radicado em Nova York, que faz experimentações com novos média e materiais.

Vik Muniz fez duas réplicas detalhadas da Mona Lisa de Leonardo da Vinci: uma feita com geleia e outra com manteiga de amendoim. Também trabalhou com açúcar, fios, arame, e xarope de chocolate, com o qual produziu uma recriação da Última Ceia de Leonardo. Reinterpretou várias pinturas de Monet, incluindo pinturas da catedral de Rouen, que Muniz produziu com pequenas porções de pigmento sobre uma superfície plana, e fez imagens com açúcar mascavo.
O fotógrafo Vik Muniz gosta de dizer que levou 17 anos para fazer sucesso da noite para o dia. Iniciou a sua carreira nos anos 70, mudou-se para Nova York em 1983, mas foi em 1995 que ganhou reconhecimento. Quando um crítico do New York Times foi visitar a exposição principal de uma galeria e se deparou com a série ‘Sugar Children’ (Crianças de Açúcar), alojada discretamente numa sala com pouca visibilidade. Encantado, ele escreveu uma critica que abriu inúmeras portas ao brasileiro: além de receber  um convite para participar na prestigiosa mostra New Photography, no MoMA, Vik viu as suas obras serem adquiridas por museus como o Guggenheim e o Metropolitan Museum of Art. Treze anos e inúmeras obras e exposições mais tarde, ele é considerado, hoje, aos 47 anos, um dos artistas mais produtivos e valorizados da sua geração.

Vik Muniz, Narcissus, after Caravaggio (série Pictures of Junk), versão em vídeo, 2006 Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=7TscXP1FuQA
Dedicado inicialmente à escultura, Muniz percebeu, no início dos anos 90, que ao documentá-las através da fotografia encontrava um resultado artístico melhor aos seus propósitos do que com as esculturas em si, e desde então resolveu unir as duas linguagens, às quais somou outras como desenho, pintura, colagem etc. Não por acaso, foi a partir desta mudança que o seu trabalho chamou a atenção dos críticos e instituições de arte de Nova Iorque e, em seguida, do resto do mundo. Hoje as suas obras estão em acervos e colecções particulares, em galerias de diversos continentes e em museus como o Tate Modern e o Victoria & Albert Museum, em Londres; o Getty Institute, em Los Angeles; e o MAM de São Paulo. Recentemente, o reconhecimento do seu trabalho rendeu-lhe um convite do MoMA de Nova Iorque para ser curador da prestigiosíssima mostra Artist’s Choice (Escolha do Artista). Vik Muniz é ainda o único brasileiro vivo a figurar no livro 501 Great Artists: A Comprehensive Guide to the Giants of the Art World, da Barron´s (ao lado do carioca Hélio Oiticica, falecido em 1980).

O artista faz só metade da obra, o observador faz o resto”, afirma. E vai mais além: “Eu faço arte para poder observar pessoas a observarem as minhas obras”.

A característica muito própria de Vik é o uso que este faz dos materiais, em trabalhos que reafirmam a máxima da comunicação: o meio é a mensagem.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vik_Muniz
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI18080-15228,00-VIK+MUNIZ+NO+MOMA.html
http://esteticafaap.wordpress.com/category/uncategorized/

Site oficial do artista: http://www.vikmuniz.net/ 
Mais informação em: http://www.renabranstengallery.com/muniz.html

Yasumasa Morimura 

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Johannes Vermeer, O estúdio do artista, 1666 (esquerda) e releitura de Morimura, fotografia, 125,7 cm x 146 cm, 2004 Fonte: http://pt-br.paperblog.com/releituras-do-multi-artista-yasumasa-morimura-28925/

Yasumasa Morimura, nasceu em Osaka, Japão, em 1958, e formou-se na Universidade das Artes de Kyoto. É a partir de 1985 que o artista começa a dedicar-se a auto-retratos e releituras de obras clássicas e personalidades artísticas, femininas e masculinas.Todas as suas obras têm como modelo ele próprio e o seu trabalho é escandalosamente detalhista e belo. As suas recriações são curiosas, umas vezes porque parecem ser as obras originais, outras porque se assemelham bastante mas têm aspectos subtis que o artista altera e acrescenta. A arte de Morimura vai além de uma só forma do fazer artístico. Um só artista, Morimura, e várias expressões: na fotografia, na pintura, reproduções, recriações, releituras...remakes. Ele é seu próprio modelo, maquiador, fotógrafo, design gráfico, figurinista... É, como ele próprio se define, um actor e um artista.

Fonte: http://pt-br.paperblog.com/releituras-do-multi-artista-yasumasa-morimura-28925/

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Yasumasa Morimura, Myself in Mirrors (Collar of Thorns), fotografia com moldura em espelho, 55,2 cm x 40 cm, 2001 Fonte: http://www.artnet.com/usernet/awc/awc_thumbnail.asp?aid=424262577&gid=424262577&works_of_art=1&cid=75405&page=5
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Frida Kahlo, Autorretrato con collar de espinas y colibrí, óleo s/ tela, 24-5/8 x 18-7/8 inches, 1940 Nickolas Muray Collection Fonte: http://calitreview.com/747 Site oficial da artista: http://www.fridakahlo.com/